Se eu cantasse uma canção
Mesmo que breve
Ela semilembraria você.
Um tom incompleto
Num arranjo indiscreto
Arpejado
Nota a nota aumentando
Pouco a pouco se sforzando
E você sem dar a mínima notação.
No meu rosto, uma melodia allegre
Intensa e com afeto.
No seu, uma figura com fusa
Descompassada
Que reclamava do meu pulso acelerado.
Como explicar que aquele seu sustenido
Acidentado e repetido
Se tornara um bemol?
Sem dó nem piedade
De uma linha para a outra
Vi sua clave de sol se enublar
O som diminuer
A minha voz tremolar.
E si for algo passageiro
E ainda existir amor na tua pausa?
E si não for nada grave
E o tempo lembrar que a gente se faz bend mais?
Volte, mas volte ligeiro
Enquanto há vibrato em meu peito
Antes que o meu coração acorde
Novamente
Fortissimo
E já seja tarde demais.
Caio Sereno.