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Aviso

O autor adverte que o conteúdo dos textos a seguir pode ser de origem real, imaginária ou onírica. Logo, em se tratando de semelhanças com o cotidiano, os mesmos podem distorcê-lo em intensidade e veracidade dos fatos.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Seu porquê

Ouço o teu discurso de censura
Cheio de arguições
E revelo o meu outro lado
Certo de ser loucura
Alguém pensar como você
Me afasto mais uma vez
Como tanto já fiz de você
Chego até a estranhar o que há tanto eu sinto
Transformo a minha saudade em medo
Te dizendo nada sobre tudo
Mesmo que sobre mim
Te pedindo um apoio silencioso
Mesmo que você não queira assim
Te amando ainda que se esvaia a vontade
Que eu sei não ter fim
Assim, eu finjo estar inteiro
E preservo os teus sorrisos
Já tão escassos
Porque pode até não parecer
Mas eu só quero ser feliz também
Melhor ainda se estamos de bem
Sabia?
Às vezes parece que você esquece
Que a gente se parece
Sem ao menos querer
E eu me vejo ofendido e não acho ser tão parecido
Quando estou bem próximo a ti
E agradeço por estar só
Ando preferindo a companhia do espelho
Ele sabe da minha alegria
E até sorri de volta para mim
Calado
Porque a sua semelhança acolhedora
Foi tudo o que você não me cedeu
E você aí
Cheio de arguições
Sempre se perguntando
O porquê de eu ser o que eu quis.

Caio Sereno.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

A garota do mês de fevereiro

Ela me veio com um sorriso vermelho,
Lábios que sobressaltavam na multidão.
Toda a sua euforia era enebriante
E fazendo-se de louca e delirante
Ela esbanjava a sua satisfação.
A sua face pintada, branca de fantasia
Tinha um quê de alegoria
E beleza de fim do dia.
Por mais que ela se transformasse,
Em mil foliões eu a encontraria.
A garota do mês de fevereiro era otimista.
Para ela, o carnaval não acabaria
Quando chegasse a quarta-feira de cinzas.
E nessa doce ingenuidade,
Ela acordava já com serpentinas
E saldava as ruas banhada em confetes
Para inspirar os corações ranzinzas.
Não é sua culpa esse mente imatura.
Logo ela, nascida de uma aventura
Nos lençóis embriagados de excitação.
Hoje, ela reclama da demora,
Chora em frente ao espelho que outrora
A viu tão colorida e feliz.
E eu já desesperado, sonho com a Colombina
E retorno à minha rotina
Como um Pierrô aprendiz,
Mas que vê solução na tristeza
Pois haverão carnavais com certeza
E ainda hei de ser seu Arlequim.

Caio Sereno.