sexta-feira, 2 de novembro de 2012
Criança medrosa
Da melodia que rasga teus ouvidos, ó criança medrosa,
Não preste atenção às notas impiedosas.
Notas tão sarcásticas e julgadoras.
Notas essas que ressoam aos demais e difundem uma inquietação.
Falarão de ti, ó criança medrosa, e terás que ser forte.
Só assim crescerás a ponto de ocupar teu espaço no mundo.
Até lá, finca teus pés nos teus sonhos, no teu interior.
Faz dos teus pensamentos a verdade mais absoluta de todas.
Como consequência, criança medrosa, compreenderão a tua ingenuidade,
Que é mais um misto de bondade com um pouco de eterno,
E verão que por trás da tua face, tão desgastada pelo teu sofrimento tardio,
Há um ser que é feliz, sem grandes causas, meios e fins.
E que não vive à custa do desgosto alheio e da tristeza muda.
Vive pelo dom que lhe foi concedido.
O dom de transbordar a graça.
A vontade de se alimentar do riso.
A necessidade de instigar a alegria.
Ao final do dia, criança medrosa, não temerás mais aos outros.
Nem ao menos temerás a ti mesmo.
Porque não haverá mais conflito.
Muito menos esse teu coração aflito, doido para se refugiar.
E uma nova trilha sonora acompanhará os teus dias.
Dessa vez, o canto acalmará a tua alma.
As notas irão confortar os teus segundos.
E assim, pelo resto dos teus dias, criança, viverás em paz.
Em paz para viver.
Viver o que bem quiser e entender.
Caio Sereno.
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Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAdorei!
ResponderExcluirE ainda me fez lembrar Drummond:
"existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.
Depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas."
Beijo,
Thaís.