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Aviso

O autor adverte que o conteúdo dos textos a seguir pode ser de origem real, imaginária ou onírica. Logo, em se tratando de semelhanças com o cotidiano, os mesmos podem distorcê-lo em intensidade e veracidade dos fatos.

domingo, 10 de novembro de 2013

Verbo ser

Na caixa de sapato empoeirada
Ou nas gavetas emperradas
Em qualquer canto sujo e abandonado
É lá que encontrarás o meu eu
A minha essência inalterada
Aquele pedaço de mim que me orgulhava
E que tanto eu
Quanto você
Gostávamos demais

Procuras agora nos dejetos
Na podridão da humanidade
Nos meus desafetos
Talvez eu esteja por outros cantos
Tentando me reinventar
Para ver se ressurjo da lama
Do caos e da tristeza
Onde a natureza parece clamar por mim
E o resto do mundo me conduz até lá

Ou talvez nem procures
Já não me acho digno do teu esforço
Do teu pesar inabalável
Ou dos teus perdões infinitos
Mesmo que o nosso amor de retrato
Tenha sido tão lindo um dia
Rasga essa tortura viva
Porque de todas as fotografias
Em nenhuma delas eu existo mais.

Caio Sereno.

Um comentário:

  1. Poema cativante desde o início...o seu começo já denota a curiosidade pois o drama lá colocado nos leva a pensar "sobre o que será?" e não seria algo simples, pois o todo e principalmente o final foi perfeito e não digo isso por conhecer seus poemas a tempos e sim pois acho que esse foi um dos mais bonitos.

    Trecho mais emocionante foi o final:

    "Mesmo que o nosso amor de retrato
    Tenha sido tão lindo um dia
    Rasga essa tortura viva
    Porque de todas as fotografias
    Em nenhuma delas eu existo mais."

    É uma separação do que se foi em um passado e o que hoje tornou, assim como se o tempo desbotasse até mesmo os sentimentos...como se esse hoje tivesse feito perder-se tudo até mesmo o amor.

    Abraços e um bom domingo! Aguardo sua visita *--*

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