Por que me deixaste tão sozinha
À tua promessa, fissurada
Tornaste enevoadas
Minhas manhãs sorrindo
Te descobrir partindo
Virou meu passatempo
Querer-te a contratempo
E perceber
Que a voz lá dos teus sambas me acarinha
Surge e me trespassa inteira
Mas guardo minhas bobeiras
Seguindo teu protocolo
E castigar-me a açoite e de branquinha
Ficarei sem reparo
Ignorar o coro
De quem implora o fim
Sonhar nosso casebre, e na cozinha
Facas, uma tábua e o azulejo
Temperar teu desejo
E ser tua receita
Me aquecer à beça e com farinha
Untar teu corpo inteiro
E exibir teus cheiros
Só em mim
Tornar os meus enfeites teu deleite
Na beleza que esmiuçaste
Do peito que já choraste, relembrar
Ao teu coração perdido
Poder ser recolhido
Pelo meu pra sempre
E que o futuro centre as entrelinhas
No amor que tu continhas
E nunca ter sabido.
Caio Sereno.
Paródia da música "Uma Canção Desnaturada", de Chico Buarque.
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