Ela me veio com um sorriso borrado,
Típico de quem manchou o copo de batom.
Toda a sua natureza era embriagada,
E fazendo-se de tonta e descuidada,
Ela embebedava toda a minha razão.
A sua pele suada, salgada de fim de dia,
Tinha uma entrega que se enfraquecia
E um cheiro que entorpecia.
Por mais que ela se misturasse,
Dela sempre o mundo se lembraria.
A garota do mês de outubro era dividida.
A incerteza da sua chegada fria
Se confundia no meu interior a queimar.
E nessa intrínseca dualidade,
Ela amargava todas as minhas expectativas,
Justificando sua sede expressiva
Numa sobriedade de se admirar.
Não é sua culpa essa mente desfigurada,
Logo ela, que já nasceu engarrafada,
Enclausurada numa eterna escuridão.
Hoje, ela se diz indisposta
E afirma não ter nenhuma resposta
Que explique a sua involução.
Eu, já alcoolizado, imerso no teu vício,
Sou sujeito ao seco sacrifício
De esquecer o teu paladar.
E no copo, beirando quase o seu fundo,
Permanece o desejo mais profundo
De um dia de ti eu me embebedar.
Caio Sereno.
Muito lindo, Caio. Parabéns!
ResponderExcluirOi Caio, "Permanece o desejo mais profundo
ResponderExcluirDe um dia de ti eu me embebedar" foi prakabá! AMEI!
Como dizem os curitibanos: Tesão, piá! Beijos da sua Fraldinha, a tia do fim do mundo!