Código Roxo

De volta ao espaço, o passado retorna.
Com ele conservo na mente um lume.
Distinto e enérgico, ele roxo se torna, 
Ruidoso e ligeiro ele atinge seu cume.

Porém, consciente do que acontecera
No dia em que eu desisti do teu rosto,
Agora eu quero ver o que eu perdera,
Sentir o teu cheiro, provar do teu gosto.

Mas ao deparar-me com o teu semblante
Avistei nos teus olhos um algo distinto.
Não via o fervor do mais vivo amante,
E nem muito menos o lascivo faminto. 

Sentimento mais forte, nobre e eterno,
Fez-me sentir estar sempre amparado, 
Sua luz me mostrou que no frio inverno
Farás dele quente ficando ao meu lado.

Coisa extraordinária, sem explicação,
Deslumbrante, infinita e imensurável. 
Meus pés abismados, cravados no chão,
Um andar aos teus braços era inevitável.

Um abraço que nunca me havia ocorrido.
Se é o melhor de todos? É a pura verdade.
Só sei que ele achou o que estava escondido.
Tudo passa a ter sentido, tu és a amizade.

E o céu que um dia me levou a cacos,
Hoje faz da vida um cintilante paraíso.
Quando eu já parecia me render aos fracos,
Tu estendes a mão e me dás um sorriso.

Então eis que te vejo, teus olhos avisto,
O mel que o rondeia, a verdade que o ilumina.
Ainda que seja bom ficar, a ti eu insisto.
Que para mim, a vida no chão é riqueza divina.

E com o folgar das estrelas, à Terra regresso.
Vejo o Sol no horizonte e sua luz diminuindo.
Apesar de ser o mesmo, uma coisa eu confesso:
Na história desse mundo, nunca esteve o céu tão lindo…

Caio Sereno.