Eu sem mim

Queria eu não ter te amado este tanto
Talvez, só assim, dir-te-ias que enfim
Percebi que já não mais tinhas encanto
E que o nosso namoro chegava ao seu fim.

Mas não minto, meu bem, amei-te demais.
Amei-te, mas tanto a ponto de esquecer
As ideias que até pouco eu achava leais
Começaram, oprimidas, em mim a fenecer.

Hoje, sem ti a dizer-me em tom fagueiro
Cálidos discursos ao pé do meu ouvido,
Enxergo enquanto te firmava em primeiro
Mais ia afastando o meu eu já esquecido.

Se pudesse prever um futuro meu qualquer
Tenhas certeza que não mais será assim.
Que se alguém a mim suas vontades impuser
Saberá que de fato no final escolherei a mim.

Caio Sereno.