domingo, 28 de novembro de 2010
Amplitude de Onda
O naufrágio da tua presença em meus dias
Joga-me ao mar, onde afogado, eu reflito,
E imerso nas águas, o calor que continhas
Em mim, de eterno, acaba-se em finito.
Prisioneiro encontro-me de ondas inquietas,
Que insistem mantendo o meu ser em seu leito.
Mas sendo perseverante eu nado, e discretas,
As que antes, atletas, logo perdem o efeito.
No horizonte eu avisto ilha nobre e remota,
Um primor de abrigo! Uma paisagem memorável.
Tem a brisa mais suave, um prazer de anedota,
É vida que não se esgota, beleza imensurável.
Apareces tão vistosa que avoado me distraio,
Confundo-te com o sol pois o teu resplandecer
Cegou minha lucidez, fez de mim o teu lacaio,
E encantado, dedicaria só a ti o meu viver.
Porém não devo insistir nesta tua intensidade,
Eu não posso e não sei se eu sinto isso tudo.
Eis que parto, para longe, busco a veracidade,
Entender a ansiedade, sentir saudade, sobretudo.
E ainda que eu negue aos mares tua lembrança
É só nisso que penso ao fugir deste teu mundo.
Minha mente ele invade, e de súbito, avança
Rumo à terra da bonança onde sou teu vagabundo.
Não importa essa loucura de querer partir assim,
Pois as águas dir-me-ão a todo tempo o que é sabido.
Que sou e estarei sendo o teu resgate até o fim
De nossa história, e só assim, finalmente ficarei perdido.
Caio Sereno.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário