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O autor adverte que o conteúdo dos textos a seguir pode ser de origem real, imaginária ou onírica. Logo, em se tratando de semelhanças com o cotidiano, os mesmos podem distorcê-lo em intensidade e veracidade dos fatos.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Glória, Glorinha


       De Glória só guardo o que quero esquecer. Tudo aquilo que de certo eu fiz um dia e que só trouxe consequências erradas. Quem disse que no final tudo dá certo certamente não conhecia Glorinha. Mas, chega! Sem apegos... Afinal, só de falar seu nome minha mente na sua plena capacidade desvia seu foco e volta-se novamente às lembranças desta mulher que acabou com tudo isso. Aliás, nem isso mais eu tenho. Se penso em mim não consigo pensar em mais nada. E nada, e nada. Eis quem eu sou.
       E para conseguir aguentar todo esse dramalhão em que eu me afundo todo os dias, nesse clima de novela, tenho assistido nos últimos dias a programas religiosos. Não importa se são de cunho evangélico, cristão, espírita ou até uma macumba. Tortura das grandes. A cada "Glória Deus" que um indivíduo falava eu deixava Deus de lado e fechava os olhos pensando na Glória. Ah, maldita Glória.
       Ainda que eu corra, ainda que eu queira fugir deste mundo, ainda que eu pegue o metrô rumo a algum lugar. A voz que sai dos vagões grita teu nome: "Glória! Glória!" Logo eu olho para o lado e peço ao vizinho que execute a tarefa que lhe foi concebida no nome. Bota fogo nesta mulher! E caso este esteja parado, esperando o próximo vagão eu peço ao outro. Não largue desse machado, meu cabra! Pegue-o e trate de dar um fim nessa mulher!!!! Mas... Mas eu fico cansado... A vida me joga em teus braços novamente enquanto eu mais quero deixar-te.
       Meu bem, porém... Pensando bem, será que você se encontra a sofrer como eu também? Ou será que está a dançar, na rua a vagabundiar? Não se renda, meu nobre! Não deixe que esta mulher continue a te aprisionar de forma tão estúpida! Seu parvo, cresça e se valorize! Perdão, bravura repentina... Ligeiro eu caio nessa sofreguidão novamente. Nessa angústia de saber que quanto mais eu lhe odeio, mais eu lhe amo. Que quanto mais lhe quero mal, mais lhe quero bem, meu bem. Que quanto mais lhe vejo distante, mais eu te quero aqui, somente contigo, tu e eu, eu e tu, tudo e tudo, sem mais nada.
       Ah, Glorinha…

Caio Sereno.

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