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O autor adverte que o conteúdo dos textos a seguir pode ser de origem real, imaginária ou onírica. Logo, em se tratando de semelhanças com o cotidiano, os mesmos podem distorcê-lo em intensidade e veracidade dos fatos.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Era um vez

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      Era um vez alguém que não acreditava em contos de fadas. Achava mais que a vida era um filme de terror ou um quem sabe um peça de teatro com um elenco de segunda mão. Imaginava que não crer no impossível era a única forma possível de ser sensato. Afinal, os nossos desejos mais intrínsecos só se realizam de fato em realidades fantasiosas. E fantasia ao seu ver era uma ideia que somente serviria àqueles que errados dizem ao fim do dia amar alguém para sempre, ou que sempre estarão ao seu lado, ou que o dia de amanhã tende sempre a ser melhor. Os seus dias passavam e pareciam só piorar. A mágica acontecia quando um coração que supostamente não suportaria tanta solidão e amargura, permanecia batendo, como se houvesse motivos para isso.
      Viver já não era o meio de uma história à caminho de um final feliz. Viver era um fardo. Viver era acordar, pensar e chegar novamente à conclusão de que mais um dia se passou e ninguém notou a sua existência. Ou talvez tenham notado. E claro, guardaram essa imagem em suas mentes para que nunca venham a se tornar alguém como ele. E como ainda podia alguém viver nestas condições? Nem ele sabia. É o tipo do sentimento que nos arrebata, nos  enche de angústia, de remorso e bem lá no fundo, ainda que pouco notável, nos dá uma leve vontade de continuar vivendo, como se o grande momento deste espetáculo ainda estivesse por vir. Talvez o coração tenha um bom argumento.
      E se acaso realmente exista, mesmo que em pequenos intervalos de tempo, imperceptíveis à razão humana, o encanto em sua plenitude, poderia ser ele um sortudo a presenciá-lo? Sei que não o perceberia de fato, mas, em meio a tantas pessoas nesse mundo, poderia ter ele o dom de enxergá-lo? É o tipo do questionamento que nunca terá uma resposta, se é que a resposta existe.  Mas, por que não acreditar na juventude do destino? Por que não acreditar que ele realmente vê à sua frente a princesa dos cabelos castanhos, do andar gracioso e do sorriso enternecedor, que compartilhará com ele os sorrisos e lágrimas, os desafios e as superações? Diferentemente de mim, ele não pode contar o aconteceu naquele tempo. Aquela pessoa já não existe mais, reside no passado, e assim deve ser. Hoje eu agradeço por ter adormecido na hora exata para alcançá-la em meus sonhos e acordar para o que estava óbvio. Nada é impossível nessa vida, a menos que você acredite que sim. Meu desejo foi e é passar a eternidade ao lado dela, aproveitar essa felicidade que aparenta não esgotar, viver esses segundos que durarão horas em minha mente, mas, caso isso não ocorra, peço que o início seja reescrito dessa forma:
      Era uma vez um conto de fadas. Era uma vez um rapaz que nunca quis saber o final da história.

Caio Sereno.

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