O homem da face de vidro era o que era assim como todos são o que são. Tinha os seus defeitos, os seus acertos, seus ensejos e suas paixões. Gostava de música, matemática e alemão. Reclamava da monotonia, queria mudar de emprego, lidava com a saudade, vagueava em pensamentos tolos sobre os mistérios da vida. Deixando de lado as coisas que o tornavam único, como o jeito expansivo de se expressar, a forma incomparável de reconfortar, os passos largos na hora de andar, o homem da face de vidro era um homem como qualquer outro. Mas o mundo não o via assim.
O homem da face de vidro às vezes duvidava de sua existência. Apesar de compreender certos impasses que afligiam a mente dos aborrecidos, de saber a solução para as desgraças das vidas sofridas, o homem da face de vidro, sem perceber, guardava tudo para si. Ninguém tinha conhecimento deste fato, mas havia um homem por trás do homem da face de vidro. E quão fantástico ele era. Caso um dia tenha havido alguém que realmente se aproximou da bondade, este foi o homem da face de vidro. E por ter tão bom coração, é claro que amou. Amou a todo tempo, amou por passatempo. Amou. Mas não teve amor por particípio. O homem da face de vidro amou e ficou só.
Como pode alguém como ele falhar no sentimento mais nobre que se pode ter? Como pode alguém como ele ter sua única fraqueza naquilo que devia ser a sua maior força? O homem da face de vidro viu o tempo passar e, sufocado, assim permaneceu. Seu semblante vazio escondia a agonia que arranhava o seu coração extasiado devido aos constantes casos de decepção e dor. Se ao menos ele tivesse mostrado em pequenos gestos o que tremidava a sua alma, já bastaria. Quem ama se entrega, e se nega, torna aquilo mais óbvio do que já estava. O homem da face de vidro poderia ter sido somente um homem, mas ficou calado. Foi mais vidro do que homem. E por isso foi mais amante do que amado.
Caio Sereno.
Como pode alguém como ele falhar no sentimento mais nobre que se pode ter? Como pode alguém como ele ter sua única fraqueza naquilo que devia ser a sua maior força? O homem da face de vidro viu o tempo passar e, sufocado, assim permaneceu. Seu semblante vazio escondia a agonia que arranhava o seu coração extasiado devido aos constantes casos de decepção e dor. Se ao menos ele tivesse mostrado em pequenos gestos o que tremidava a sua alma, já bastaria. Quem ama se entrega, e se nega, torna aquilo mais óbvio do que já estava. O homem da face de vidro poderia ter sido somente um homem, mas ficou calado. Foi mais vidro do que homem. E por isso foi mais amante do que amado.
Caio Sereno.
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