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Aviso

O autor adverte que o conteúdo dos textos a seguir pode ser de origem real, imaginária ou onírica. Logo, em se tratando de semelhanças com o cotidiano, os mesmos podem distorcê-lo em intensidade e veracidade dos fatos.

domingo, 21 de abril de 2013

Anônima

Quando te vi passar
Apressado e sem jeito
Com a barba mal feita
E a camisa amarrotada
A calça manchada
E o penteado desfeito
Acompanhei os teus passos
Descompassados
Tropeçando em falsos
Buracos e degraus estreitos.

Entrei lá no café
Já dispensando o garçom
Retoquei o meu batom
Afrouxei o sutiã
Como uma cortesã
Que esnoba o seu dom
E procura o seu produto
Bruto
Consumindo uns dois charutos
Na rapidez de um semitom.

De nada adianta
Se não adentro a tua mente
Se meu pudor é indescente
Demais para a tua moral
Com essa postura assexual
Enquanto eu me entrego inteira
Aqui do outro lado das mesas
Ilesa
Pronta pra ser tua presa
Pronta pra ser brincadeira.

Quando te vi sair
Calmo e alinhado
Sorrindo e despreocupado
Pensei estar borrada
Uma maquiagem mal desenhada
Por não tido efeito qualquer
Acompanhei a tua ida
Distraída
Vi tua pele ser aquecida
Pelos braços de outra mulher.

Caio Sereno.

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